terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Monopólios, raças e aventuras

Toda a gente sabe que em Lisboa quem controla o negócio da venda de flores na noite são aqueles senhores que vêm lá do Bangladesh e que, onde quer que estejamos, nos aparecem sempre com um ramo de flores e perguntam:

- Qué frô?

Ao que nós gentilmente respondemos:

- Não obrigado, caro senhor do Paquistão.

- Qué frô? 50 cent!

- Não, obrigado.

- 30 cent!

- Não!

- 10!

- JÁ DISSE QUE NÃO PORRA!

Mas como estava a dizer, estes senhores lá das Índias têm o monopólio da venda de flores na noite lisboeta.

Mudam-se as cidades, mudam-se as raças e respectivos monopólios (Se bem que desconfio que em todas as cidades do mundo são os chineses que dominam as lojas dos 300$). Mas tirando os chineses, mudam-se as cidades, mudam-se as raças e respectivos monopólios.

Aqui em Madrid quem detém o monopólio dos cd e dvd piratas são os pretos (ou negros ou até mesmo “pessoas de cor”, consoante a sensibilidade do leitor). Em cada rua lá estão eles com as suas bancas improvisadas, tentando ganhar a vida.


Bem, agora que já enquadrei o estimado blogoespectador no contexto dos monopólios raciais de Madrid, passo, sem mais demoras, a relatar-lhe o que me sucedeu há uns dias.

Ia eu tranquilamente a passear numa rua do centro de Madrid, olhando as montras e trauteando a música do Rui Veloso, “Não há estrelas no céu”, quando, de repente, um grupo de 10 a 15 pretos dobra a esquina, correndo desalmadamente e com um ar de terror estampado nos rostos, como se perseguidos por um leão em África.

Estaquei.

Os pensamentos voavam dentro da minha cabeça: “Para mim hoje é Janeiro… de que fogem? Está um frio de rachar… que pode ser tão terrível para assustar assim aqueles senhores? Parece que o mundo inteiro… Um leão? Um bombista suicida? A Odete Santos toda nua? Se uniu para me tramar. Vou espreitar!” Decidi.

E assim, num assomo de coragem e inconsciência, que às vezes se confundem, dobrei eu próprio aquela esquina para ver que monstros horrendos estariam lá do outro lado.

Olhei curioso e… lá estava ele!


Um polícia.

1 comentário:

Anónimo disse...

Pelos vistos o respeito pela autoridade não é bem o mesmo em Lisboa ou em Madrid