Toda a gente sabe que em Lisboa quem controla o negócio da venda de flores na noite são aqueles senhores que vêm lá do Bangladesh e que, onde quer que estejamos, nos aparecem sempre com um ramo de flores e perguntam:
- Qué frô?
Ao que nós gentilmente respondemos:
- Não obrigado, caro senhor do Paquistão.
- Qué frô? 50 cent!
- Não, obrigado.
- 30 cent!
- Não!
- 10!
- JÁ DISSE QUE NÃO PORRA!
Mas como estava a dizer, estes senhores lá das Índias têm o monopólio da venda de flores na noite lisboeta.
Mudam-se as cidades, mudam-se as raças e respectivos monopólios (Se bem que desconfio que em todas as cidades do mundo são os chineses que dominam as lojas dos 300$). Mas tirando os chineses, mudam-se as cidades, mudam-se as raças e respectivos monopólios.
Aqui em Madrid quem detém o monopólio dos cd e dvd piratas são os pretos (ou negros ou até mesmo “pessoas de cor”, consoante a sensibilidade do leitor). Em cada rua lá estão eles com as suas bancas improvisadas, tentando ganhar a vida.
Ia eu tranquilamente a passear numa rua do centro de Madrid, olhando as montras e trauteando a música do Rui Veloso, “Não há estrelas no céu”, quando, de repente, um grupo de 10 a 15 pretos dobra a esquina, correndo desalmadamente e com um ar de terror estampado nos rostos, como se perseguidos por um leão em África.
Estaquei.
Os pensamentos voavam dentro da minha cabeça: “Para mim hoje é Janeiro… de que fogem? Está um frio de rachar… que pode ser tão terrível para assustar assim aqueles senhores? Parece que o mundo inteiro… Um leão? Um bombista suicida? A Odete Santos toda nua? Se uniu para me tramar. Vou espreitar!” Decidi.
E assim, num assomo de coragem e inconsciência, que às vezes se confundem, dobrei eu próprio aquela esquina para ver que monstros horrendos estariam lá do outro lado.
Olhei curioso e… lá estava ele!
Um polícia.
1 comentário:
Pelos vistos o respeito pela autoridade não é bem o mesmo em Lisboa ou em Madrid
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