segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Post longo e aborrecido

Atenção: Este post é longo e aborrecido. Peço desculpa por isso.

O Campus de Getafe da Universidade Carlos III de Madrid tem uma biblioteca muito simpática e com o exacto número de trezentos e tal “postos de leitura”. (Estará mais próximo dos 400 do que dos 300, esse número).

Contudo, tem um grave problema.

Apesar de normalmente nunca estarem mais de 200 alunos na biblioteca, os lugares estão todos ocupados. Se passarmos por lá à hora de almoço, constatamos que não estão lá mais de 100 alunos, mas, ainda assim, todos os lugares de leitura estão ocupados.

Isto passa-se porque é permitido pela biblioteca reservar lugar por uma hora e meia. Os próprios senhores da biblioteca passam um papelinho que os alunos põem no seu lugar, a dizer que o lugar está reservado até dali a uma hora e meia.

Deste modo, uma biblioteca com capacidade para quase 400 alunos, muitas vezes está a ser usada apenas por 100 alunos e um grande número de pessoas a querer usar a biblioteca não o podem fazer.


Permitam-me fazer um paralelismo entre o mercado de trabalho e os lugares da biblioteca.

O “mercado” dos lugares da biblioteca é pouco flexível. As pessoas mesmo saindo por 2 horas, não perdem o seu lugar. Deste modo há um lugar que está a ser usado de forma pouco produtiva, enquanto há pessoas disponíveis para o usar produtivamente, mas que não encontram lugar.

O mesmo se passa num mercado de trabalho pouco flexível. Há pessoas a ocupar lugares em empresas de forma pouco produtiva, mas mesmo assim não perdem o lugar (tal como na biblioteca), enquanto há pessoas disponíveis para ocupar esse lugar melhor e estão desempregadas.

Se se facilitassem os “despedimentos” (quer na biblioteca quer nas empresas), quem ocupasse um lugar de forma pouco produtiva seria mandado embora, permitindo assim a outros que ocupem melhor o seu lugar. Essa pessoa que seria mandada embora, encontraria depois, mais facilmente, um lugar que ocupasse de forma melhor do que o anterior.

Com maior facilidade em pôr as pessoas na rua, deixaria de haver a ideia de um lugar na biblioteca para o dia inteiro, assim como a de um emprego para a vida inteira, mas quando perdêssemos o lugar, mais facilmente arranjaríamos outro.

A biblioteca passaria a ser usada por 300 alunos em vez de 100 e haveria menos pessoas à procura de lugar sem sucesso, assim como haveria menos pessoas à procura de emprego sem sucesso.

E eu, hoje, em vez de ter ficado em casa a escrever um texto longo e aborrecido, teria ido para a biblioteca.

1 comentário:

Anónimo disse...

essa biblioteca parece o meu emprego